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05/04/2018 - Desemprego volta a crescer, contradizendo discurso pró-reforma trabalhista
De acordo com a pesquisa,13,1 milhões de pessoas estão desempregadas, 550 mil a mais em relação ao trimestre anterior (12,6 milhões).

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgados em 29 de março último pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de desemprego no Brasil voltou a subir (0,6%) e atingiu 12,6% no trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. De acordo com a pesquisa,13,1 milhões de pessoas estão desempregadas, 550 mil a mais em relação ao trimestre anterior (12,6 milhões).

 
Em um comunicado do IBGE, o coordenador de Trabalho e Rendimento, Cimar Azeredo, afirma que o crescimento do desemprego é esperado nessa época do ano, pois existe a dispensa dos trabalhadores temporários, contratados em sua grande maioria para as vendas do comércio no final do ano. 
 
Porém, o governo federal alegava que a reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017, criaria seis milhões de novos empregos. Esther Dweck, professora do Instituto de Economia da UFRJ, discorda. Primeiro porque a reforma feita pelo governo Temer criou, ao mesmo tempo, facilidades tanto para contratar, como para demitir. Segundo, e principalmente, por conta do desempenho pífio da economia.
 
“O que gera emprego não é uma reforma da legislação, é a economia voltar a crescer. E como está dando sinais que a economia não está com um vigor tão forte, isso reflete no desemprego”, afirmou.
 
Para agravar o quadro, a PNAD Contínua indica que a população fora da força de trabalho alcançou o maior nível já registrado desde o início da pesquisa, em 2012, e chegou a 64,9 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 0,8% (ou mais 537 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior. São contabilizadas neste índice aquelas pessoas em idade economicamente ativa que sequer procuram emprego.
 
De acordo com a economista, quando a população fora da força de trabalho aumenta, a taxa de desemprego tende a diminuir. O aumento simultâneo de ambas reforça a tese de que a recuperação da economia está muito mais lenta do que apregoa o governo, e esse quadro deve permanecer ao longo do ano.
 
“Por que está tão lenta? Porque não tem nenhuma política concreta de retomada do crescimento. Pelo próprio orçamento que foi aprovado, o gasto em investimento este ano está baixíssimo, o investimento mais baixo dos últimos 10 anos. Praticamente o governo federal acabou com os investimentos em infraestrutura, aquilo que normalmente dava um impulso em ano eleitoral não está nem um pouco com cara de que vai ser forte”.
 
A pesquisa do IBGE também apontou que o número de empregados com carteira de trabalho assinada chegou ao menor nível na série histórica desde 2012. Agora, são 33,1 milhões de trabalhadores com carteira, uma queda de 1.8% ou menos 611 mil pessoas em comparação com o trimestre anterior. Já o número de trabalhadores informais, por conta própria, cresceu 4,4%, cerca de 977 mil pessoas, chegando a um total de 23,1 milhões de trabalhadores.
Jornal Brasil de Fato – 02/4/2018     
    
 


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