Dados da pesquisa realizada pelo IBGE, em 2009, apontam que as mulheres trabalhadoras ganharam em torno de 72,3% do rendimento médio dos homens.
Discriminação no Mercado de trabalho
O inegável avanço das mulheres no mercado de trabalho ainda esbarra em um contracheque bem mais magro do que o dos homens. Dados da pesquisa realizada pelo IBGE, em 2009, apontam que as mulheres trabalhadoras ganharam em torno de 72,3% do rendimento médio dos homens. O percentual até representa uma queda na discriminação, se comparado aos resultados de pesquisa realizada em 2003, quando as mulheres receberam, na época, 70% do rendimento médio dos homens.
A disparidade entre o que eles e elas ganham acontece mesmo com a mulher tendo mais qualificação e escolaridade do que o homem. Segundo o IBGE, 61,2% das trabalhadoras possuem 11 anos ou mais de estudo. Isto significa que elas concluíram ao menos o ensino médio. No universo masculino, este percentual é de 53,2%. O rendimento médio feminino é inferior ao dos homens mesmo tendo-se uma parcela maior de mulheres com nível superior trabalhando (19,6%, frente a 14,2% entre os homens).
A diferença também persiste quando analisados extratos mais homogêneos da população trabalhadora. O rendimento masculino é maior mesmo entre pessoas que chegaram à universidade. Verificou-se que nos diversos grupamentos de atividade econômica, a escolaridade de nível superior não aproxima os rendimentos recebidos por homens e mulheres.
Outro fato importante que merece destaque é que, ao cruzarmos informações da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar) com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME-2009), realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, constataremos que, hoje, as mulheres são responsáveis pela manutenção de mais de 35% das famílias brasileiras. São parte fundamental da classe trabalhadora e, em grande maioria, trabalham em empregos terceirizados, nos quais não há garantia de direitos sociais.
Agrega-se a essa realidade, o fato que, independente de estar ou não estudando, na sua grande maioria, as mulheres, também, são responsáveis pelas tarefas domésticas. É a “não remunerada” segunda jornada de trabalho. Assim sendo, é natural que na atividade cotidiana das empresas, o grau de sensibilidade da mulher é mais aguçado que o dos homens, estando sujeitas a uma série de distúrbios gerados pelo assédio (moral/sexual) inerentes ao processo de competição contínua, em prol da maior produtividade/lucro.
Ressalta-se ainda, que uma considerável parcela do “empresário” no país, por preconceito e/ou caráter, não admite sequer reconhecer a condição biológica feminina, postulando que a gravidez é um fator negativo no mercado de trabalho, procurando fechar o mercado para essas profissionais. Lamentavelmente, eles representam o legado do Brasil colonial, são, por acaso, “empresários”, mas a mentalidade ainda é de um escravocrata.
O cruzamento dos resultados das pesquisas do IBGE, aponta que, nos últimos dez anos, no que diz respeito à formação acadêmica; seja ao nível de graduação e/ou pós-graduação, nas diversas áreas de ensino; as mulheres vêm superando o número de homens. Significa dizer que, embora o mercado de trabalho ainda apresente uma desigualdade de rendimento, existe uma tendência à eqüidade, principalmente a empregos relativos ao nível de terceiro grau.
Por fim, o cruzamento do resultado das duas pesquisas do IBGE, no que diz respeito específico às empresas do setor de engenharia consultiva, revela que, a médio e longo prazo, este segmento econômico transformar-se-á num mercado absorvedor da mão-de-obra feminina.
Gilberto Alcântara – Diretor do SINTCON-RJ