A socióloga, professora da Universidade de São Paulo (USP), Isabella Jinkings, analisando a questão do crescimento do mercado de trabalho informal, chama atenção para o tempo de procura de emprego atualmente, uma ...............
Dificuldade para achar emprego
alimenta precarização
A socióloga, professora da Universidade de São Paulo (USP), Isabella Jinkings, analisando a questão do crescimento do mercado de trabalho informal, chama atenção para o tempo de procura de emprego atualmente, uma das principais causas para que o trabalhador se submeta ao mercado informal. “O trabalhador em busca de emprego em 1987 levava, em média, 14 semanas até se empregar novamente, já em 2004, a mesma pessoa chega a ficar 55 semanas sem achar ocupação, caindo para 53 semanas em 2005, e 51 semanas em 2008, ou seja, mais de um ano para achar um novo trabalho” revela.
Para um país onde o seguro desemprego só cobre desempregados do mercado formal e por apenas seis meses, Isabella Jinkings observa: “esse período de um ano, ou mais, em busca de trabalho de trabalho acaba se tornando um suplício que envolve todo o ambiente familiar e social do desempregado”.
Por outro lado, dependendo do segmento econômico, exigências como o permanente aperfeiçoamento da mão-de-obra profissional, aumenta o grau de dificuldade de ocupação do trabalhador desempregado, além de requerer deste um dispêndio maior com sua capacitação.
A socióloga ainda alerta para as condições que decorrem desse período. É um desses motivos, do chamado desemprego oculto pelo desalento, conceito desenvolvido nas pesquisas do Dieese para caracterizar uma situação onde o trabalhador não tem mais esperanças, ânimo e nem condições materiais para buscar uma nova ocupação. Essa pessoa acaba sendo envolvida em uma rede perversa que a deixa presa no mercado informal até que súbita retomada econômica altere esse contexto.
Diante desta realidade, é necessário, de um lado, que os sindicatos e demais entidades sociais procurem mecanismos que venham representar, também, os anseios do exército de desempregados buscando via reivindicações, mobilizações e ações concretas, interferir nesse quadro. Por outro lado, que os governantes e demais autoridades atentem para a necessidade de se fazer uma reforma trabalhista e sindical, para que o principal agente do mercado – a força de trabalho – tenha reais condições de suportar os efeitos das crises da economia capitalista.
Isabella Jinkings – Socióloga
Professora da USP – Universidade São Paulo
Dieese – Departamento de Estudos Econômicos Sociais e Estatístico – entidade de apoio e assessoramento do Movimento Sindical