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29/05/2010 - Duas ótimas reedições lembram o antológico 'Voz do Morro'
Conjunto marcou a história do samba com clássicos como Rosa de Ouro e Exaltação à Mangueira, entre outras obras-primas de nossa música.

Por André Pelliccione

Para os interessados no bom samba de raiz, a Som Livre reeditou  o terceiro disco [Os Sambistas] da carreira do conjunto ‘A Voz do Morro’, que nos anos 60 fez grande sucesso com sua participação no antológico show ‘Rosa de Ouro’, montado por Kléber Santos e Hermínio Bello de Carvalho, no Teatro Jovem do Rio de Janeiro, junto a estrelas como Clementina de Jesus e Aracy Cortes. Formado por uma verdadeira seleção brasileira de compositores — Elton Medeiros, José Cruz, Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Oscar Bigode, Paulinho da Viola e Jair do Cavaquinho — o ‘Voz do Morro’ marcou sua passagem pela música popular brasileira com verdadeiros clássicos do samba, como ‘Exaltação à Mangueira’, ‘Carnaval que passou’, ‘Tanta Tristeza’, ‘Jurar com Lágrimas’ e ‘Rosa de Ouro’, entre várias outras pérolas do gênero.

Samba que ‘não existe mais’

O CD editado pela Som Livre é uma rara oportunidade para as novas gerações conhecerem o trabalho de um grupo que, além de belas composições, fazia com grande competência a chamada ‘cozinha básica’ do acompanhamento musical que todo bom samba deve ter: cuíca, agogô, tantan, violão, pandeiro e tamborim. Conhecer a ‘Voz do Morro’ é travar contato também com um tipo de samba que há muitos e muitos anos já não se produz no Brasil, e cuja característica marcante era o papel central da cuíca em arranjos marcados (sempre) pelo ritmo cadenciado. Samba com ‘S’ maiúsculo, na mais pura essência que essa palavra pode significar.Outra oportunidade de conhecer o trabalho da ‘Voz do Morro’ é o CD homônimo, uma coletânea lançada pela Musidisc com clássicos como ‘Peço Licença’, ‘Mascarada’, e ‘Intriga’. É ouvir, conferir e se apaixonar pelo bom samba.

Fim do grupo e entrada do genial ‘Mauro Duarte’

Com o fim de ‘A Voz do Morro’, parte de seus integrantes formou, ainda nos anos 60, o conjunto ‘Os Cinco Crioulos’, sem Paulinho da Viola, mas com a entrada do genial Mauro Duarte — autor de clássicos como ‘Alegria Continua’, ‘Sorri de Mim’ e ‘Portela na Avenida’, cuja interpretação de Clara Nunes é até hoje considerada definitiva. Período do auge de ‘A Voz do Morro’ e ‘Os Cinco Crioulos’, os anos 60 foram marcados por grande efervescência cultural, no Brasil e no mundo. Vivíamos a ditadura militar, mas vivíamos também a resistência cultural e política do movimento estudantil, da passeata dos 100 mil, do CPC da UNE. No plano musical, despontavam grandes compositores e intérpretes nos festivais da Record (Jair Rodrigues, Chico Buarque, Edu Lobo, Nara Leão, Elis Regina, entre outros). Enfim, de certa forma o registro musical de a Voz do Morro é também o documento (e o testemunho) de uma época de grande inquietação.

As faixas do LP ‘Os Sambistas’, editado originalmente em 1966, com o conjunto ‘A Voz do Morro:

1 – Cuidado  2 – A voz do Morro  3 – Tiradentes  4 – 400 anos de Favela  5 – Exaltação à Mangueira 6 – Tanta tristeza 7 – Meu barracão de zinco  8 – Sinhá não disse  9 – Carnaval que passou  10 – Exaltação à Madureira  11 – Aventureira  12 – Só eu sei  13 – Tarde demais  14 – Noite linda  15 – Meus dias são de sol

Discografia do Grupo:

Roda de Samba – 1965

Roda de Samba II – 1965

Os Sambistas - 1966

 

 

 

 



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