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29/11/2010 - Políticas de Cabral Filho ameaçam saúde pública, gratuita e universal
Em todo o Estado, faltam 510 leitos de CTI e sucamento de hospitais públicos continua. População sofre nas filas para atendimentos e consultas.

Por André Pelliccione

Tanto quanto a segurança, a precariedade da saúde pública é outro dos grandes dramas vividos pela população do Estado do Rio. Apesar das sucessivas promessas de melhoria no atendimento — repetidas pelo governador Sergio Cabral Filho (PMDB) nas eleições deste ano — o povo do Rio continua sofrendo nas filas de hospitais à espera de um atendimento digno e da marcação de consultas que, na melhor das hipóteses, demoram meses para ocorrer. Com base em dados da própria Central de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), reportagens publicadas em novembro deste ano pelo jornal O Globo mostraram que, em todo o Estado, faltam 510 leitos de CTI. Ainda segundo tais dados, a média de pacientes que foram a óbito ou sofreram complicações adicionais pela não  internação imediata foi de 8,6 ao dia. É o retrato do mais completo abandono do setor, que jamais foi prioridade para o atual governo. Caso emblemático desta política de desmonte da saúde pública é o do recente fechamento do Hospital Estadual Pedro II, na Zona Oeste, e sua futura transferência ao município do Rio. A intenção anunciada pelo governador, com a transferência, é que o Pedro II — maior e mais importante hospital da Zona Oeste — seja gerido, no município, pelas chamadas ‘Organizações Sociais’ (OS), uma forma disfarçada de privatização que dispensa o trabalho de servidores públicos estatutários e concursados, substituindo-os por trabalhadores sem estabilidade e com vínculos precários, mais sujeitos, portanto, às pressões de governos e políticos pela contratação de ‘apadrinhados’. Desde 2007, quando assumiu o governo, Cabral já fechou o Instituto de Infectologia São Sebastião, no Caju — única unidade especializada até então existente na rede estadual — e quer fazer o mesmo com o Hospital Central do Iaserj, desrespeitando o direito dos milhares de servidores que durante anos contribuíram financeiramente (2% do salário) para sua construção. Falta, ao atual governo, compromisso com a saúde pública, gratuita e universal de qualidade para toda população, que a cada dia tem menos acesso à medicina de média e alta complexidades na rede pública. É preciso, com urgência, resgatar os princípios originais do SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado. Caso contrário, continuará sendo violado um dos mais fundamentais direitos da cidadania no Brasil, previsto explicitamente na Constituição Federal.

 

 



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