“A corrupção é uma forma
de dominação política”
Professor de Economia da UFRJ, Reinaldo Gonçalves diz que há falta de órgãos para fiscalizar a aplicação de recursos públicos no Brasil. Segundo ele, isto não é por acaso: existe muita gente interessada em manter tudo como está. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas mostra que a perda de produtividade provocada por fraudes no setor público chega a US$ 3,5 bilhões por ano.
O DIA – A fragilidade dos órgãos de fiscalização favorece os corruptos?
Reinaldo Gonçalves – Sem dúvida. Há uma quase que total ausência de controle. O pior é que sabemos que isso se trata, principalmente, de uma questão política. Existem muitos interesses em se manter sistemas de fiscalização que não são efetivos. Não dá para fazer nenhuma afirmação específica, mas sabemos que o dinheiro desviado em ações corruptas – especialmente por meio de superfaturamento de compras para órgãos públicos – é usado para o financiamento de campanhas políticas. Infelizmente, essa é uma prática muito antiga por aqui.
O DIA – A corrupção e os prejuízos causados por ela podem ser combatidos?
Reinaldo Gonçalves – Sim. O fortalecimento de órgãos fiscalizadores sem dúvida ajudaria muito. Mas, sendo bem sincero, sou muito cético em relação a esse combate no Brasil. Vemos algumas medidas isoladas para minimizar os efeitos da corrupção, mas são atitudes modestas diante do mar de sujeira que existe tanto nos serviços públicos quanto nos privados. No fim das contas, a corrupção é uma forma de dominação política.
Jornal O DIA – 26/03/2012