Em 2012, a conjuntura econômica internacional dá sinais de seguir um rumo ainda incerto. A instabilidade no cenário internacional dificulta uma análise global da economia.
Perspectivas econômicas e cenário para as
negociações coletivas em 2012
Em 2012, a conjuntura econômica internacional dá sinais de seguir um rumo ainda incerto. A instabilidade no cenário internacional dificulta uma análise global da economia. A principal incerteza é o desdobramento da crise internacional, principalmente da européia e o risco de se transformar numa crise bancária e financeira de grandes proporções, com efeitos negativos ainda mais intensos sobre a economia mundial. Tal fato deve continuar influindo nas decisões de política econômica do governo brasileiro, especialmente as decisões de investimento público (e privado) e as decisões que dizem respeito ao consumo da população brasileira.
O governo vem adotando, desde meados de 2011, um conjunto de medidas para estimular a atividade econômica. Medidas de natureza fiscal que visam incentivar o investimento e o crédito privado, como a redução da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos externos em ações de títulos de longo prazo e sobre o crédito da pessoa física. Medidas de natureza monetária: o Banco Central vem reduzindo, desde agosto de 2011, a taxa básica de juros e há sinalização de que esse movimento deve prosseguir nos próximos meses.
O reajuste do salário mínimo, de R$ 545,00 para R$ 622,00 (mais de 14%), funciona como significativo estímulo à demanda. A estimativa do adicional de renda na economia é de aproximadamente R$ 24 bilhões – cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), sem contar o efeito multiplicador, que pode elevar esse montante a R$ 47 bilhões, segundo estudos do IPEA e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Deve-se considerar ainda o impacto desse aumento nos salários mais baixos, e que boa parte dessa renda deve ser revertida em consumo, fato que tem sido importante e determinante do crescimento do Brasil nos últimos anos. Além do fato de que 2012 é um ano eleitoral, em que as obras se apressam, dinamizando os gastos públicos e gerando novas oportunidades de trabalho. Esse conjunto de fatores, certamente, ajuda os trabalhadores na mesa de negociação.
Por outro lado, as condições favoráveis do Brasil para o enfrentamento da crise internacional são elementos que, também, podem auxiliar os trabalhadores nos embates negociais. A redução da taxa básica de juros objetiva estimular os investimentos e, juntamente com as desonerações fiscais, deve contribuir para o dinamismo da economia. Assim sendo, salvo uma deterioração significativa do quadro internacional, o mercado de trabalho deve continuar a gerar empregos, o que, associado a uma menor variação acumulada da inflação, pode favorecer a obtenção de ganhos reais nas negociações coletivas.
Com os condicionantes favoráveis, resta apenas um fator preponderante em todo o processo negocial: a mobilização dos trabalhadores. Sem mobilização, pode chover torrencialmente dinheiro (dólares, iuans, ienes, euros, reais etc.) que as reivindicações dos trabalhadores, no embate Capital X Trabalho, somente se viabilizarão se forem respaldadas pela mobilização do conjunto das categorias que integram tais pleitos.
Gilberto Alcântara – Diretor do SINTCON-RJ