Muita indignação e revolta, mas também muita disposição de luta, marcaram o histórico ato unificado que ocupou o Centro do Rio no último dia 15 de maio, em protesto contra os cortes de 30% no orçamento das universidades e institutos federais de ensino, efetuados pelo ministro da educação, Abrahan Weintraub, e contra a reforma da Previdência.
Convocada por associações e entidades docentes e estudantis, com apoio das centrais sindicais, a greve nacional da educação teve mobilizações em mais de 200 cidades, em todos os estados e no Distrito Federal. No Rio as manifestações começaram logo pela manhã em diversos pontos da cidade (como Largo da Carioca, Largo do Machado e Praça XV), onde os trabalhadores da educação realizaram aulas públicas sobre as consequências da reforma da Previdência, além de oficinas, exposições e atividades de extensão. O ponto culminante das mobilizações foi a passeata unificada da Candelária até a Central do Brasil, que fechou três das quatro pistas da Av. Presidente Vargas. A avaliação dos organizadores é de que cerca de 250 mil pessoas — entre docentes, estudantes e trabalhadores de inúmeras categorias profissionais — participaram da manifestação.
Em apoio à luta dos trabalhadores da educação, petroleiros do Rio promoveram atrasos na entrada do expediente, nas unidades da Petrobrás. Servidores da saúde estadual, em luta pelo Plano de Cargos e Remuneração (PCR), foram em passeata até o Palácio Guanabara, manifestando também apoio aos trabalhadores da educação.
“Os ataques à educação atingem diretamente os direitos da infância e da juventude no país. Os cortes promovidos pelo governo são um ataque à esperança de termos um Brasil mais justo e melhor nas próximas décadas. É uma afronta ao povo brasileiro, uma afronta aos professores, uma afronta a todos nós. Este grande ato de hoje pode ser o deflagrador de um movimento mais amplo para derrotar a reforma da Previdência. É isso o que eu espero”, afirmou Lucia Raviello, professora do Instituto de Psicologia da UFRJ.
“Os cortes mostram o descaso e o desconhecimento do governo sobre o que é a universidade e a educação como um todo. Mostra também o distanciamento em relação à pesquisa, que ficará inviabilizada se não tiver orçamento. O governo tem desprezo pela pesquisa porque quem estuda gera dados que podem confrontar os dados do governo. Vamos continuar nas ruas protestando e reforçar a grande greve contra a reforma da previdência, marcada para o dia 14 de junho”, completou Luci Teixeira, doutoranda do Programa de Educação da UFF.
Durante a passeata, manifestantes também levantaram a bandeira da revogação da Emenda Constitucional nº 95, que asfixia o orçamento dos serviços públicos, impondo uma espécie de congelamento global no orçamento do setor.
Além de Faetec, colégios de aplicação das universidades públicas e colégio Pedro II, alunos e professores de escolas particulares do Rio também aderiram à greve da educação e às manifestações unificadas.
Outras cidades do estado que tiveram protesto foram Duque de Caxias, Itaguaí, Niterói e Nova Iguaçu, na Região Metropolitana; Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na Região Serrana; Angra dos Reis, na Costa Verde; Cabo Frio, Macaé e Maricá, na Região dos Lagos; Valença e Volta Redonda, no Sul Fluminense; e Campos, no Norte Fluminense.