Com o auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) completamente lotado, foi realizado na noite de ontem (12/12) o ato de lançamento oficial da Frente Estadual em Defesa da Petrobrás, da Soberania Nacional e do Desenvolvimento.
Na abertura da manifestação foi lido o manifesto da Frente, intitulado ‘País que entrega seu petróleo entrega também sua soberania’, com duras críticas às tentativas do governo de entregar o Pré-Sal e parte das refinarias da Petrobrás ao capital privado. O documento também denunciou a ameaça de privatização que paira sobre outras importantes estatais, como Eletrobrás, BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil.
A mesa principal do evento foi composta por representantes da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Federação Única dos Petroleiros (FUP), Clube de Engenharia, Aepet, ABI e Frente Nacional em Defesa da Petrobrás, da Soberania Nacional e do Desenvolvimento.
Falando em nome da FNP, a petroleira Natália Russo frisou o significado da luta em defesa da Petrobrás e das estatais. "A descoberta do Pré-Sal foi a oportunidade de colocar o Brasil num patamar superior de desenvolvimento. Só entre 2010 e 2014, a Petrobrás investiu R$ 200 bilhões no Pré-Sal, mas essa oportunidade está sendo desperdiçada agora pela política de destruição do patrimônio público praticada pelo atual governo. Não vamos aceitar calados o que estão querendo fazer com o país. Precisamos de uma grande campanha nos bairros, nas ruas, para mobilizar os trabalhadores contra as privatizações”, disse, sob aplausos.
Apelo à mobilização popular contra as privatizações
O presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Felipe Coutinho, destacou o caráter imperialista do projeto de privatização do atual governo. “O Brasil está inserido numa disputa internacional por recursos naturais. A mídia e o governo repetem a mentira de que a Petrobrás estaria quebrada. Mas a Petrobrás jamais esteve quebrada. O objetivo dessas mentiras é tentar justificar a privatização da empresa”, afirmou.
Ex-diretor de Exploração e Produção (E&P) da Petrobrás e um dos responsáveis pela descoberta do Pré-Sal, o geólogo Guilherme Estrela fez um chamamento à mobilização popular. “Vivemos sob um governo ilegítimo cujo projeto é manter o país sem soberania, um projeto no qual os interesses do Brasil não prevalecem. A única coisa que pode reverter essa situação é a mobilização dos trabalhadores, ocupando as ruas para defender o Pré-Sal, para defender as nossas riquezas. Nosso desafio agora é expandirmos essa luta, levando-a a outras categorias profissionais”, ressaltou.
O representante da FUP, David Bacelar, denunciou a venda de ativos da Petrobrás pelo governo. “Das 30 estatais vendidas recentemente, 15 eram subsidiárias da Petrobrás. Cerca de R$ 140 bilhões em ativos foram vendidos ao capital estrangeiro. É inaceitável”, disse.
Chamamento à unidade em defesa das estatais
Presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino destacou a unidade das forças políticas do campo da esquerda como passo inicial para a construção de uma grande frente em defesa do patrimônio público. “Este ato aqui na ABI mostra a necessidade urgente de nos unirmos, acima das nossas divergências. Vejo com satisfação a presença, aqui, dos companheiros da FNP e da FUP, duas entidades irmanadas na defesa da Petrobrás. O governo está desmontando as políticas públicas do país e quer nos fazer retroceder aos anos 30. É o mesmo governo que quer desmoralizar a Petrobrás e as estatais com o objetivo de privatizá-las”, resumiu.
A fala de encerramento foi do Senador Roberto Requião (PMDB), presidente da Frente Nacional em Defesa da Petrobrás, da Soberania Nacional e do Desenvolvimento. “Vivemos uma época absurda de grandes retrocessos. Até a aposentadoria dos trabalhadores os governantes querem exterminar. Bolsonaro na verdade é um peão na mesa, um produto direto da desmoralização da política. Temos portanto que lutar contra essa situação e entender que os investimentos do Estado são absolutamente necessários ao desenvolvimento. Mas agora é necessário construirmos uma grande frente política no Brasil, uma frente para lutarmos contra as políticas neoliberais. Tem que haver um referendo revogatório das leis que permitem esse projeto absurdo do governo”, concluiu, também sob muitos aplausos.
Participaram ainda do ato representantes de CUT, CTB, Crea-RJ, Modecon, UNE, PT, PSOL, PCB, PCdoB e Casa da América Latina, além dos deputados federais Glauber Braga (PSOL) e Paulo Ramos (PDT) e do deputado estadual Waldeck Carneiro (PT).
O ato foi encerrado com o chamamento a uma campanha nacional contra as privatizações, em todos os níveis.