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28/07/2020 - No Brasil pós-pandemia, a cruel realidade no mundo do trabalho
Cerca de 13 milhões de trabalhadores já perderam o emprego por conta da covid.

Por Gilberto Alcântara da Cruz, presidente do Sintcon-RJ

Dados do IBGE apontam que o número de trabalhadores que perderam o emprego por conta da crise gerada pelo coronavíus atinge a marca de 13 milhões em todo o país. O número de empresas que encerraram suas atividades já atinge o total e 720 mil, sem contar aquelas que abandonaram tudo, sem dar a mínima satisfação aos seus empregados.

Dados indicam que a maior parte dessas empresas é composta de pequenos e médios estabelecimentos. Significa dizer que, num possível processo de retomada da economia, muitos desses estabelecimentos permanecerão fechados.

Paulo Guedes, ministro da economia que não pensa no social, ainda pensa numa fórmula mágica de ajudar os empresários, o que pode resultar em ataques ainda mais intensos ao trabalho formal. Tudo para desonerar grandes empresas.

Se isso ocorrer, os trabalhadores terão dificuldades ainda maiores para conseguirem se aposentar. Em contrapartida, o que é apresentado pelo governo como um ‘’alívio” para o caixa da Previdência, considerada deficitária, em pouco tempo vai se transformar num verdadeiro pandemônio para a economia em geral. Afinal, como uma das maiores autarquias de previdência pública do mundo, o INSS é importante fator de distribuição de renda. As aposentadorias, pensões e benefícios pagos pelo instituto trazem benefícios para toda a economia do país. Só o governo finge desconhecer tal realidade.

Como estima-se que a covid-19 irá se estender por mais 4 meses, o quadro da atual crise econômica é assustador, podendo se tornar caótico. Não está descartada a hipótese de termos que conviver com a barbárie, que já começa a ocorrer nas principais regiões metropolitanas do país, onde famílias inteiras “moram” nas ruas, “sobrevivendo” à custa de esmola.

Num país desigual como o Brasil, é difícil imaginar o grau de violência com que nossa sociedade terá que conviver. Portanto, cabe às autoridades procurar minorar o grau de degradação que a sociedade terá que suportar, tomando iniciativas que visem gerar trabalho/renda para a grande parcela da população.

Quanto à parcela ínfima da população, aquela detentora de grandes rendas e fortunas, aquela para quem nossos governantes dedicam atenção especial, terá que se acostumar a um isolamento social, uma vez que não haverá condomínios, guarda-costas ou veículos blindados que garantam sua segurança e bem-estar.Quem sabe se, com o agravamento sem precedentes da atual crise, essa elite pense em reduzir as desigualdades, pense em eliminar as discriminações de raça, credo, gênero etc. Quem sabe o medo de ficarem pobres os apavore tanto, a ponto de exigirem dos governantes que, ao invés de esmolas e migalhas, criem oportunidades de trabalho a fim de que os deserdados possam reconquistar uma vida digna.

Caso seja impossível, resta aos “deserdados” se unirem, construírem uma força capaz de iniciar um processo capaz de revirar esse jogo de cartas marcadas. Lembrem-se: nesta caminhada teremos pela frente dois processos eleitorais previstos – eleições municipais e eleições gerais.

Enquanto no mundo todo os governantes pensam em retomar o processo de desenvolvimento econômico em novos patamares, apostando na recuperação do meio ambiente e na redução das desigualdades sociais, aqui o governo pensa em tratar com Band-Aid nossa economia.



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