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25/08/2020 - Carta aos Empresários do Setor
O mercado de engenharia consultiva, certamente, foi um dos mais afetados pela crise da covid-19.

O mercado de engenharia consultiva, certamente, foi um dos mais afetados pela crise da covid-19. Inúmeras empresas (de micro, pequeno e médio porte) encerraram suas atividades, muitas dela sem conseguir sequer honrar com o pagamento das verbas rescisórias de seus empregados.

A principal contratante de serviços no setor, a Petrobrás, por conta da pandemia e por perspectiva, já anunciada, de um futuro assaz sombrio, promoveu uma redução dos contratos em vigor, de 25% a 40%, e mais ainda anunciou que para os contratos novos tal contingenciamento permaneceria em vigor. Cenário turvo.

Cientes de que essa perspectiva nada alvissareira tende a vigorar por mais algum tempo, tomamos a iniciativa de procurar os empresários do segmento econômico de engenharia consultiva para, em conjunto, empresa-trabalhador-sindicato, discutirmos uma forma de nos mantermos em atividade. Mesmo num cenário adverso, procurarmos uma forma de sobrevivência que não seja aviltante para as partes e propicie a manutenção de um patrimônio nacional que, certamente, dado o seu potencial, terá condições de emergir da crise com condições de apresentar os valorosos serviços que prestou e permanecerá prestando à nação.

Não se trata, aqui, de discutirmos uma política para a estatal nem de nos propormos a discutir uma política para o desenvolvimento de nossa economia. Aqui tratamos da preservação, viva, de um know-how tecnológico que gerou um processo de desenvolvimento que cresceu e fez crescer as grandes empresas estatais no Brasil.

Viva porque tem que se reciclar, inovar, absorver tecnologias de ponta sem perder o norte do processo de desenvolvimento. Nesse sentido, é a preocupação de manutenção da força de trabalho das empresas (grande parte nacionais) que construíram, preservaram e desenvolveram tal processo de desenvolvimento. Não há empresa sem empregado, não há empresário sem trabalhador, e vice-versa. É um amalgama que não se destrói facilmente, sem que coloque para a sociedade um ônus incalculável.

Não queremos imaginar um cenário pior do que, infelizmente, o dos últimos meses, quando observamos, no centro da cidade, famílias inteiras dividindo espaços nas calçadas, sem perspectiva de uma luz no fim do túnel.

Analistas do Ipea e do IBGE, examinando a economia brasileira e as perspectivas para sua recuperação, são unânimes em afirmar que o ano de 2020 está perdido, e que o cenário mais otimista para 2021 indica que somente a partir do segundo semestre poderemos prever um cenário mais ameno para a economia. O rastro de mais de 16 milhões de desempregados, legado da crise da pandemia, requer mudanças radicais a fim de colocar um rumo e um prumo para o desenvolvimento econômico e social no país.

Esse rastro provocou uma devastação em setores e segmentos econômicos cuja dimensão das perdas é incalculável. Não dá para supor um processo de retomada sem que sérios ajustes deixem de ser tomados. Não dá para bancar aventuras num país tão desigual como o nosso. Enquanto a maior parte da nação so- fria com as perdas sociais durante o período crítico da pandemia, 45 famílias (a chamada Casa Grande) aumentavam seus patrimônios, no mínimo, em cerca de R$ 48 milhões.

Não basta colocar no Congresso, para avaliação, uma proposta de taxar em 1% (um por cento) as grandes fortunas. Mesmo porque uma parcela do parlamento, hoje, e desde sempre, representa os interesses da Casa Grande.     

Almejamos um projeto para retomada da economia brasileira, em que no mínimo as grandes fortunas fossem taxadas em 10% e tal cifra fosse investida diretamente em projetos de saneamento básico,; recuperação das matas ciliares, despoluição dos rios, construção de habitações dignas, reestruturação e reordenação urbana etc.

Projetos que o segmento de engenharia consultiva tem know-how suficiente para atender possíveis projetos que certamente reduzirão e/ou eliminarão, em pouco tempo, esse índice maligno de desemprego e retirarão de vez a covarde opção para a sociedade brasileira: desenvolvimento ou barbárie.

 



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