O mercado de engenharia consultiva foi um dos mais infectados pela crise do covid-19. Uma série de empresas (de mico, pequeno e médio porte) fecharam as portas, muitas das quais, sem ter condições, sequer de honrar com o pagamento das verbas rescisórias de seus empregados. Isto sem contar, aquelas que já vinham atrasando o pagamento dos salários, desses heróis da resistência. Como se não bastasse, a Justiça do Trabalho, entrou em recesso, e como tal, mesmo que os desempregados a acionassem, teriam que aguardar até quem sabe quando “Deus não estivesse mais de saco cheio”.
O governo federal, preocupado com “a questão social”, durante o período da pandemia, editou medidas para atender as demandas dos empresários brasileiros e, por tabela, esticar a resistência estomacal do conjunto dos trabalhadores restantes. Medidas Provisórias como: Redução de Jornada/ Salário de 25% a 75%; Utilização do Trabalho Intermitente; HomeOffice (trabalho em casa) etc. Imediatamente, uma série de empresas procuraram os sindicatos para assinar Acordos Coletivos de Trabalho (ACT), e se adequarem /ou readequarem à nova realidade.
Nos meses de maio e junho de 2020, o SINTCON-RJ, examinando linha das MPs, tendo como preocupação a não pauperização, ainda maior, dos trabalhadores; assinou uma série de ACT, cuja duração é de três meses, podendo ser renovados por mais três meses, com um conjunto de empresas do setor, sempre procurando preservar os direitos estabelecidos em Convenções Coletivas assinadas para o setor.
Em paralelo realizamos uma Assembleia Geral da categoria, a fim de darmos início ao processo de discussão, junto ao SINAENCO (Sindicato Patronal), da Convenção coletiva do Setor para o período (01/5/2020 a 30/4/2021). Elegemos uma pauta de reivindicações e a encaminhamos ao patronal para darmos início ao processo de discussão e assinatura da CCT 2020/2021. Até o final de julho, não houve nenhuma resposta do Sindicato Patronal.
Como a pandemia permanece ativa, mais de 120 mil brasileiros mortos e cerca de 3 milhões de infectados, empresas que não assinaram ACT no período de maio até julho estão procurando assinar agora, com as mesmas bases das MPs editadas no período crítico da pandemia.
Por outro lado, temos recebido denúncias de trabalhadores em relação ao relacionamento com as empresas que se deteriora a cada dia que passa. Por conta própria, sem informar/consultar os empregados, resolvem reduzir o valor do vale refeição, alterar as condições de trabalho, formas de pagamento etc. De forma educada, estilo dinossauro, comunicam: “àqueles que porventura, não concordarem com as novas condições determinadas, saibam que a porta da rua é a serventia da casa, quem quiser, peça demissão. Ou, ao contrário, comecem a omitir-se do trabalho, para serem demitidos por justa causa”.
Num país desigual como o Brasil, a mentalidade de certos empresários ajuda ampliar tal fato. Pobres de espírito, na realidade, não têm condições, sequer, para administrar um boteco, quiçá uma empresa. São esses “quitandeiros” que denigrem o setor, são os que buscam enriquecer a qualquer custo, nem que para tal, possam ser presos por algum tempo.
Infelizmente nossos governantes admiram o caráter desses “empresários”. O SINTCON-RJ permanecerá denunciando esse tipo de conduta, que só e somente só, corrobora para o desenvolvimento econômico pífio, para um aumento cada vez maior das desigualdades sociais, e a conquista do vexame internacional que é a medalha de prata na dispersão proveniente do covid-19. Segundo lugar no total de infectados e segundo lugar no número de mortes.
Gilberto Alcântara – Diretor do SINTCON-RJ 01/08/2020