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26/03/2009 - Saúde do Trabalhador: um grito de alerta!
A Organização Mundial de Saúde, órgão ligado a ONU, informa que, somente na Europa, anualmente, morrem cerca de 300 mil pessoas vitimadas por doenças do Trabalho.

Saúde do Trabalhador - Um grito de alerta! 

                 A Organização Mundial de Saúde, órgão ligado a ONU, informa que, somente na Europa, anualmente, morrem cerca de 300 mil pessoas vitimadas por doenças contraídas em função do ambiente de trabalho. No Brasil, ainda não há, por parte das autoridades ligadas à Saúde, preocupação de registrar os números dessa endemia. Sabe-se que há casos de morte, mas, oficialmente, até agora nada foi feito.

                Em virtude desse problema, a OMS criou o Plano Global de Ação Mundial de Saúde dos Trabalhadores, a ser implementado entre 2008 e 2017, nos países membros da ONU, tendo por objetivo melhorar os serviços de saúde ocupacional, e propor leis que protejam os trabalhadores.  

     Trata-se de um tema que, normalmente, o empresariado coloca em último plano, mesmo àqueles; como é o caso específico do setor de engenharia consultiva; cujo principal patrimônio é o conjunto da mão-de-obra utilizada. É uma questão imanente do modo de produção capitalista? Pode ser. O fato é que tal tema deveria ser uma prioridade em qualquer segmento econômico, principalmente em momentos de crise.

                O histórico recente da engenharia consultiva demonstra o caráter perdulário do empresário do setor. A década de noventa, conhecida economicamente como a década perdida, caracterizou-se por uma série de práticas nocivas ao trabalhador, em nome da manutenção de postos de trabalho e das margens de lucro das empresas. A informalidade chegou a responder por 50% da mão-de-obra empregada. A insegurança cotidiana gerou uma série de doenças nos trabalhadores.

                Registra-se, também, o processo de informatização do setor, que além de eliminar postos de trabalho, junto com a informalização da mão-de-obra aumentou a insegurança cotidiana nas empresas. O fim das pranchetas e das grandes equipes de técnicos, acelerou o processo de envelhecimento do conjunto de trabalhadores, transformando o ambiente de trabalho num foco permanente de enfermidades.

               O temor pelo desemprego e/ou pelo descarte enquanto profissional necessário à realização dos serviços, transformou o ambiente nas empresas. Daí, paulatinamente, os trabalhadores foram acometidos por uma série de enfermidades tipo: estresse emocional; depressão; obesidade; pressão alta; gastrite; acidente cardio vascular; má circulação sangüínea; varizes; tendinite; cardiopatia; psoríase; problemas respiratórios; Ler etc. . Ocorreu, nesse período, até caso de morte no interior de uma empresa do setor.

               Passado o período crítico, a demanda por serviços voltou a crescer, já no início dessa década. O ambiente de trabalho aos poucos foi se transformando, pois alguns empresários ainda insistiam na tese da informalização do setor. Uns por imediatismo, querendo recuperar no curto prazo resultados que deixou de obter. Outros, por acreditarem que, a insegurança no ambiente de trabalho, engendraria uma maior competitividade entre os trabalhadores.

              Em ambos os casos, uma peculiaridade, a aposta na nova geração proveniente das universidades que, utilizando os programas de informática poderiam, em pouco tempo, e a um custo menor, substituir os profissionais experientes, cujas cabeças constituem a principal memória técnica do setor.

              Aqui, um parêntese necessário. Não estamos deflagrando um conflito entre o velho e o novo, tampouco queremos fazer ingerência na forma de administrar esta ou aquela empresa. Para nós quanto maior for à capacidade das empresas absorverem profissionais e serviços, melhor.               O que alertamos são detalhes de suma importância para o bem estar do trabalhador e, por extensão, o bem estar das empresas.

              Por exemplo: consta da Convenção Coletiva do Setor uma cláusula sobre Assistência Médica/Hospitalar, na qual as empresas podem, até, implementar um Plano de Assistência Médica/Hospitalar (Plano Empresa) a ser custeado, total ou parcialmente, pelos próprios empregados, em negociação direta com a empresa. Isso é o mínimo minimorum! Nem assim, uma parcela do empresariado do setor acata essa reivindicação. Pior, dentre estes consta até dirigente do Sindicato Patronal – SINAENCO.  

             Outros optam por iniciativas de caráter mitigador, por vezes, atendendo aos apegos da mídia, como é o caso de medidas visando coibir os fumantes, restringindo espaços, sendo de certa forma intolerante com os tabagistas. Por outro lado, mantém o ambiente de trabalho doentio, aflorando a insegurança e, em determinados momentos o descaso. O resultado, quase sempre, é o inverso do esperado.

             É imprescindível para o segmento da engenharia consultiva a preservação de sua memória técnica, para tanto o empresariado tem que entender que é necessário transformar o ambiente de trabalho num recanto agradável, seguro e sem açodamento. Aquele que optar por tal mudança, certamente terá condições de melhorar a qualidade de seus serviços, capacitando-se cada vez mais num mercado globalizado.

             Grandes corporações, mesmo nos momentos críticos, têm optado por estimular a manutenção de seus quadros, estabelecendo em sua rotina diária, espaços para meditação, relaxamento muscular etc.. Além de assegurar aos seus empregados e dependentes, assistência médico/odontológico/hospitalar. Tendo como resultado, um conjunto de profissionais tranqüilos aptos para desenvolverem cada vez mais suas qualidades técnicas.

              Vivemos um momento tenso, a crise econômica/financeira é real, e não uma simples marola como afirma o presidente Lula. Especificamente o setor de engenharia consultiva, no Brasil, foi pouco atingido pelos efeitos dessa crise mundial. Há espaços, mesmo que numa dimensão menor, para as empresas manterem seus quadros.

              Com efeito, necessário se faz uma mudança da postura empresarial do setor, posto que daqui para frente, as concorrências serão cada vez mais acirradas, e contarão com um número maior de empresas estrangeiras. Zelar pela saúde no ambiente de trabalho, por conseguinte dos profissionais, é um ótimo investimento.

              Estamos iniciando a campanha salarial, é fundamental que os companheiros municiem o Sindicato com informações sobre esse tema. Se há registro de casos de enfermidade na empresa em que você trabalha nos informe. Utilize o site do SINTCON-RJ. Fale conoscoCONTATOS

                                                     Gilberto Alcântara – Economista

                                                          Diretor do SINTCON-RJ



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